segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mestre Irineu

Guiado pela Lua



A maioria das pessoas conhecedoras do hinário do Mestre quando olham para essa imagem a associam com o hino "Guiado pela Lua", mas na verdade ele foi inspirado por outro cântico, também muito belo : " A Virgem Mãe que me Ensinou ", onde o Mestre diz :

A Virgem Mãe que me ensinou
A Virgem Mãe foi quem me deu
Alegrai meu coração
Para eu amar ao Senhor Deus

Meu Divino Senhor Deus
É Pai de toda nação
Defendei os vossos filhos
De toda escuridão

A Escuridão é tão terrível
Que ninguém pode enxergar
Vós me dê a Santa Luz
Para eu poder navegar

A Virgem Mãe é soberana
Ela é Rainha do Mar
Quando vê nós na aflição
Ela vem nos consolar

Consolai, oh Mãe Divina
Jesus Cristo Redentor
É quem pode nos livrar
Deste mundo pecador

Imaginei, portanto, a Rainha iluminando os caminhos do Mestre, mas a associação ao hino 84 é praticamente inevitável, de modo que o título do trabalho acabou sendo "Ia Guiado pela Lua", onde o Mestre canta :

Ia guiado pela lua

E as estrelas de uma banda

Quando eu cheguei em cima de um monte

Eu escutei um grande estrondo

Esse estrondo que eu ouvi

Foi Deus do Céu foi quem ralhou

Dizendo para todos nós

Que tem poder superior

Eu estava passeando

Na praia do mar

Escutei uma voz

Mandaram me buscar

Aí eu botei os olhos

Aí vem uma canoa

Feita de ouro e prata

E uma Senhora na proa

Quando Ela chegou

Mandou eu embarcar

Ela disse para mim

Nós vamos viajar

Nós vamos viajar

Para o ponto destinado

Deus e a Virgem Mãe

Quem vai ao nosso lado

Quando nós chegamos

Nas Campinas desta flor

Esta é a riqueza

Do nosso Pai Criador


Pelo que sei, Mestre Irineu recebeu este hino quando foi ao Maranhão, já velho, após décadas longe de sua estimada terra natal, e em uma ocasião tomou Daime em alto mar, sozinho em um pequeno barco, em noite de lua cheia. Foi nessa mesma viagem que Mestre trouxe consigo seu sobrinho Daniel Serra para morar no Alto Santo.

domingo, 23 de maio de 2010

Mestre em Brasiléia recebe seu primeiro hino


Essa imagem foi inspirada no primeiro hino de Raimundo Irineu Serra, " Deus Te Salve Ó Lua Branca", que ele recebeu ainda bem jovem na fronteira ( que ajudou a demarcar ) entre o Acre e o Peru, região aonde experimentou pela primeira vez a Sagrada Bebida.

A imagem mostra o Mestre mirando a lua cheia na beira de um igarapé, como se estivesse recebendo instruções da Rainha da Floresta, percebendo que a doutrina iria se expandir para todo o Brasil...se você olhar com atenção, vai enxergar o mapa do nosso país entre as folhagens da mata. Viu ?

Existem algumas curiosidades interessantes a respeito do recebimento deste hino primeiro. O Mestre ajudava na demarcação da fronteira do Acre com o Peru e vez por outra ia na cidade mais perto da região, de nome Brasiléia, para comprar mantimentos . Acontece que "Brasiléia" é um nome recente da cidade, re-batizada na década de sessenta por ocasião do nascimento da nova capital federal, Brasília. Ou seja... Mestre Irineu recebeu o seu primeiro hino em Brasília (do Acre).

Outra coisa interessante é que, por muitos anos, Mestre Irineu ficou sem cantar este primeiro hino, guardando-o na memória ou para momentos em que estava sozinho...era como se fosse um segredo dele e da Rainha. Durante as primeiras sessões coletivas , o que fazia eram chamadas em forma de assovios e outras marcações rítmicas, com o pé e com a mão.

Até que um belo dia, o seu grande amigo Germano Guilherme, chegou dizendo que havia recebido uma música durante uma sessão. O Mestre ficou surpreso com aquilo! Pediu para Germano cantar a sua música e ele começou a entoar o seu " O Divino Pai Eterno". Foi daí pra diante que se iniciou as cantorias nas sessões e o Mestre passou a receber outros hinos.





Campineiro



Essa talvez seja uma das formas mais constantes de como eu imagino Mestre Irineu enquanto estou participando de seu hinário. O Mestre em profunda conexão com a floresta, o sol e os pássaros, após um árduo dia de trabalho, descansa contemplando a maravilha da criação.

A imagem lembra diversas passagens de seu hinário, mas duas em especial merecem registro :

Seis horas da manhã

Eu devo cantar

Para receber

A meu Pai Divinal

O pino do meio-dia

A luz do resplendor

Eu devo cantar

A meu Pai Criador

Seis horas da tarde

O sol vai se pôr

Eu devo cantar

A meu Pai Salvador

A terra é quem gira

Para mostrar

Toda criação

A meu Pai Divinal


E Também:


Sou jardineiro e sou campineiro

Tenho tudo que Mamãe me dá

No jardim eu tenho as flores

E nas Campinas eu andava atrás



Mestre menino em São vicente Ferrét



Essa é uma das poucas aquarelas que eu "recebi" em uma miração durante a primeira parte do hinário do Mestre. Foi enquanto cantávamos o hino " A minha mãe é a Santa Virgem " , onde ele canta:

A minha Mãe é a Santa Virgem
Ela é quem vem me ensinar
Não posso viver sem Ela
Só posso estar onde Ela está

Ela é Mãe de todos nós
Daqueles que procurar
Seguindo neste caminho
Vai chegar onde Ela está

Neste momento do trabalho, fiquei pensando como era a mãe do Mestre, a mãe em matéria mesmo, e tive essa experiência muito forte na miração, onde pude perceber o mestre ainda criança na frente de sua casa, uma casa bem simples, com sua mãe, brincando. Foi uma rara percepção, bem nítida , da dona Joana Assunção Serra, mãe biológica de Raimundo Irineu Serra. A idéia de ilustrar dona Joana entregando uma laranja para seu filho foi uma "licença poética" da minha parte, para fazer menção ao encontro futuro que Mestre Irineu teve com a Rainha da Floresta, já adulto e vivendo na amazônia.

Tempos depois, conversando com a pesquisadora Isabela Lara, que visitou São Vicente Ferrét e pôde conhecer parentes do Mestre Irineu que ainda vivem lá , confirmei que a visão combinava com as fotos das casas simples da região, a vegetação, os quintais e a simplicidade do povo.